O lúdico na sala de aula se faz necessário para que os alunos percebam que, o jogo também é uma maneira de aprender.
Ao observarmos uma criança brincando, se olharmos com cuidado, podemos compreender a forma na qual ela constrói seu mundo, e o que ela traz da realidade para este mundo. Brincando a criança se expressa e deixa transparecer o que sente naquele determinado momento, ou seja, expressa exteriorizando aquilo que teria dificuldade de colocar com palavras.
Para Piaget (1973), as brincadeiras e jogos infantis exercem um papel de simples diversão, pois possibilitam a aprendizagem possibilitando a criança a desenvolverem diversas habilidades, além do enriquecimento intelectual.
Devemos tomar cuidado com a diferença entre o brincar e o jogo. Enquanto o brincar segundo o MEC (MEC/SEF/DPE, 1988), é uma atividade espontânea, o jogo possui regras e limites. Para Piaget o jogo não é apenas uma forma de desafogo ou entretenimento para gastar energias das crianças, mas meios que contribuem e enriquecem o desenvolvimento intelectual. Através dos jogos a criança desenvolve o sensório motor e o simbolismo, transforma o real em necessidades múltiplas do EU e assimila realidade.
Para Piaget (1973), a criança não é ativa e nem passiva, mas interativa, interagindo socialmente buscando informações, aprendem as regras dos jogos resultando no engajamento individual de soluções de problemas.
“O jogo é, portanto, sob suas formas essenciais de exercício sensório-motor e de simbolismo uma assimilação da real à atividade própria, fornecendo a esta seu alimento necessário transformando o real em função das necessidades múltiplas do eu. Por isso, os métodos ativos de educação das crianças exigem todos que se forneça às crianças um material conveniente a fim de que jogando elas cheguem a assimilar às realidades intelectuais que, sem isso, permanecem exteriores a inteligência infantil.” (Piaget,1973, p.160)
O educador deve estar atento a todas as manifestações da criança durante a brincadeira ou ao jogo. Existem crianças que tem dificuldades de interagir com os demais durante as atividades lúdicas e recreativas e neste caso, o educador deve encaminha-la para um especialista que irá investigar para que a criança possa integrar-se ao meio e favorecer sua própria aprendizagem.
Estudiosos do desenvolvimento infantil, independentemente das diferenças correntes, apontam a importância do brincar como fator de desenvolvimento afetivo, cognitivo, social e físico. Lamenta-se que muitas instituições de ensino veem as horas de recreação como mero artifício didático. Sabemos do essencial valor que as atividades recreativas têm enquanto fator de desenvolvimento no contexto educacional infantil. O modo como a criança brinca demonstra a sua maneira de pensar e sentir. No ato do brincar, as crianças podem desenvolver muitas capacidades importantes, tais como a atenção, imitação, memória e a imaginação. Para tanto, é indispensável que haja riqueza e diversidade nas experiências que lhes são proporcionadas. Por meio das brincadeiras, o educando encontra apoio para superar suas dificuldades de aprendizagem. As diferentes áreas do cérebro humano se desenvolvem por meio de estímulos que a criança recebe no decorrer dos sete primeiros anos de vida. Hoje em dia, pais trabalham fora, as famílias são menos numerosas, e as crianças convivem, desde cedo, em berçários, creches e escolinhas maternais, de onde recebem estímulos diferentes dos que recebiam aquelas que eram criadas em casa e que só eram levadas para a escola aos sete anos. Temos, atualmente, crianças com características próprias de uma era tecnologicamente desenvolvida; mas temos, também, grande número de crianças imaturas e com dificuldades motoras que necessitam suprir as defasagens para o desenvolvimento de suas potencialidades como pessoa. O desenvolvimento infantil precisa acontecer, ao mesmo tempo, nas diferentes áreas para que ocorra o equilíbrio necessário entre elas e o indivíduo como um todo. Quando o desenvolvimento acontece apenas numa área, seguramente outras ficarão em atraso, e a criança ficará desequilibrada de algum modo. As crianças passam a maior parte do seu tempo na frente da televisão ou com jogos eletrônicos. As imagens estimulam a área cognitiva, mas a criança não está desenvolvendo as áreas afetivas e motoras. É vital conhecer as características da clientela para sabermos quais são as potencialidades que estão sendo desenvolvidas e quais as esquecidas, quais os transtornos que esse desequilíbrio pode causar no desenvolvimento do indivíduo e como podemos estimular a criança para o processo ensino-aprendizagem. Diante disso, a proposta sobre o uso da ludicidade deverá ser a de propiciar uma aprendizagem significativa na pratica pedagógica. Uma vez que ela promove o rendimento escolar, além do conhecimento, da comunicação, do pensamento e do sentimento.
Para que estas atividades tenham sucesso, se faz necessário o conhecimento da clientela e um bom planejamento com objetivos claros e estratégias de atividades interessantes que venham a despertar o interesse dos educandos. Quando o Planejamento está claro, se torna mais fácil a execução das atividades e o interesse dos educandos pelas brincadeiras e jogos apresentados. De acordo com Furtado (2007), a ludicidade possibilita à criança se conhecer e constituir-se socialmente, já que ao brincar, ela assimila diferentes representações sobre o mundo e desenvolve inúmeras formas de se comunicar, vivenciar suas emoções, interagirem com outras crianças e adultos, melhorar seu desempenho físico-motor, nível linguístico e formação moral.
Referências:
Furtado, V.Q.et al. Tempo de brincar, hora de aprender. Londrina: Humanidades, 2007.
Piaget, Jean , 1973, p.160
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